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Bruna Frascolla
July 25, 2025
© Photo: Public domain

Se as sanções de Trump incluírem tecnologia, teremos uma porção de especialistas em gênero e diversidade para dizerem que isso é machismo.

   

Escreva para nós: @worldanalyticspress_bot

O Instagram representa um novo modelo de economia; afinal, seus influencers conseguem movimentar bilhões sem tornar nenhum país mais desenvolvido, mais rico e mais sábio. Uma coisa é gastar dinheiro comprando uma geladeira, um carro, um trator para a fazenda; outra é gastar dinheiro com os conselhos de um coach ou com um suplemento alimentar milagroso. Se uma geladeira, um carro e um trator representam uma economia industrial e trazem, em si mesmos, uma melhoria objetiva na qualidade de vida ou na produtividade, a atividade de coach não requer mais que saliva, e os tais suplementos, que não demandam grandes empregos, não raro são importados da China. Pode-se dizer que o Instagram é o grande anúncio de classificados de uma economia desindustrializada, e que nesta os embustes e esquemas de pirâmide são tratados como coisas decentes e naturais.

Como vimos em “O papel do Instagram na economia dos EUA”, esse novo estilo de comércio foi planejado na virada do milênio. Em 1999, um responsável pelo “marketing direto” do Yahoo publicou o livro Marketing de permissão: Transformando desconhecidos em amigos e amigos em clientes, no qual apresenta suas ideias de “estruturas de permissão” e “marketing de permissão”. Segundo ele, a publicidade tradicional, chamada de “marketing de interrupção” (pois interrompe para oferecer o produto), estava em crise por dois motivos. Um, bastante pacífico, é que as pessoas já são bombardeadas por propaganda o tempo inteiro e não conseguem mais prestar atenção nos produtos oferecidos. Outro, nada pacífico, é a estagnação: as coisas atingiram seu ponto de perfeição e as pessoas não se importam mais tanto com qualidade, então é impossível convencê-las a abandonarem suas marcas prediletas com base nas qualidades objetivas de novos produtos. A solução seria criar “estruturas de permissão”, nas quais não haveria interrupção porque o cliente está, na verdade, esperando ansiosamente pelo vendedor-amigo, que aparece para fazer a propaganda. A chave seria o vendedor estabelecer uma relação especial com o cliente, e é por causa dessa relação subjetiva, e não por causa de qualidades objetivas dos produtos, que ele consegue vender. Ora, esse vendedor nada mais é que o influencer de Instagram, mestre em vender quinquilharias inúteis com base no próprio carisma.

Os graúdos deveriam estar à espera desse livro, pois em 2000 já havia uma tradução brasileira e em 2001 uma alemã. Em 2006, o marqueteiro David Axelrod usa as estruturas de permissão na exitosa campanha eleitoral de Barack Obama, que leva a estratégia muito a sério. Em 2013, a mídia constata que esse misterioso termo “estruturas de permissão” faz parte do jargão do presidente. Obama, como mostram os Wikileaks, era bem cônscio do poder das Big Techs.

No ano anterior, em 2012, o Facebook compra a rede social que os hipsters usavam para postar foto de gato e a transforma nesse grande encarte publicitário que é o Instagram. Já o próprio Facebook, na mesma década, se convertia na ferramenta usada para convocar manifestações contra o governo nos países árabes, na Ucrânia, no Brasil…

Voltemos para o início do milênio. No último artigo, vimos que em 2002 foi apresentado o modelo da Nova Universidade Americana: centralizada, interdisciplinar, cheia das métricas e, o mais importante, dedicada ao aluno/cliente, em detrimento do corpo docente e da produção de conhecimento. Assim, na mesma época em que os EUA decidiram que as universidades não seriam mais centros de produção de conhecimento, um figurão do incipiente marketing digital anunciava sua nova estratégia baseada justamente na premissa da estagnação tecnológica. Olhando em retrospecto, podemos supor que no início do milênio as elites ocidentais já haviam decidido criar este mundo desindustrializado e de estagnação científica e tecnológica – e que por isso é que inventou esse modelo de universidade.

Em si mesma, a defesa da estagnação não é uma novidade da virada do milênio. Na década de 1970, o malthusianismo expresso em livros como The Population Bomb (1968) e Limits to Growth (1972) exigia que os países do Terceiro Mundo parassem de se desenvolver. Em 1971, o embaixador brasileiro Araújo Castro denunciava essa corrente intelectual como “uma tendência de congelamento do poder mundial” que inclui “poder político, poder econômico, poder científico e tecnológico” (cf. Máfia Verde, p. 134). Obrigando os países do Terceiro Mundo a manter intocadas as suas florestas – sem deixar passar nem mesmo estrada ou rede elétrica –, o Primeiro Mundo mantinha a própria liberdade de produzir, poluir, criar infraestrutura etc.

A novidade da virada do milênio parece ter sido o Primeiro Mundo congelar a si próprio. Quais são os feitos ocidentais deste milênio? Na primeira década, tivemos as invenções da Apple, que resultaram na difusão de smarphones mundo afora, na década de 2010. Em seguida, essa seara se estagnou. Na década de 2020, as novidades são uma “vacina” que fez mais mal que bem, a IA voltada à substituição do trabalho humano da classe média por trabalho de qualidade inferior e as coisas de Elon Musk. São conhecimentos excessivamente especializados, feitos em centros privados cercados por segredos comerciais. A universidade ocidental hoje é uma nulidade. Foi substituída por um punhado de farmacêuticas, pela finada Blackberry e Apple (na primeira década do milênio) e (agora) pelas empresas de Elon Musk.

É possível que essa estagnação seja a consequência lógica da crença do Fim da História de Fukyama, teoria que teve seu auge na virada do milênio. Após a queda do Muro de Berlim em 1989, Francis Fukuyama decidiu que a História havia acabado porque a humanidade encontrara a sua forma definitiva: todos os países seriam democracias liberais inseridas num mercado global. A invasão do Iraque em 2003 foi animada por essa crença: os EUA acharam que derrubariam uma ditadura anacrônica e seriam recebidos como libertadores por iraquianos ávidos por democracia e McDonald’s. Assim, é bem possível que os EUA do Fim da História tenham decidido que tudo o que faltava era tecnologia da informação, para o mundo inteiro descobrir a democracia em seus celulares e organizar manifestações pelo Facebook pedindo McDonald’s.

Se o Fim da História já chegou, se já estamos no pináculo, não faz sentido investir muito em mais conhecimento e em mais tecnologia. E mais: não faz sentido nem mesmo temer a concorrência de potências rivais. Isso explica por que os armamentos da Rússia e do Irã conseguem surpreender o Ocidente na guerra, e por que a tecnologia chinesa consegue deixar o Ocidente em apuros na concorrência comercial.

Infelizmente o Brasil deixou-se levar por esse novo modelo de universidade. Se as sanções de Trump incluírem tecnologia, teremos uma porção de especialistas em gênero e diversidade para dizerem que isso é machismo.

O Fim da História matou a Ciência ocidental?

Se as sanções de Trump incluírem tecnologia, teremos uma porção de especialistas em gênero e diversidade para dizerem que isso é machismo.

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O Instagram representa um novo modelo de economia; afinal, seus influencers conseguem movimentar bilhões sem tornar nenhum país mais desenvolvido, mais rico e mais sábio. Uma coisa é gastar dinheiro comprando uma geladeira, um carro, um trator para a fazenda; outra é gastar dinheiro com os conselhos de um coach ou com um suplemento alimentar milagroso. Se uma geladeira, um carro e um trator representam uma economia industrial e trazem, em si mesmos, uma melhoria objetiva na qualidade de vida ou na produtividade, a atividade de coach não requer mais que saliva, e os tais suplementos, que não demandam grandes empregos, não raro são importados da China. Pode-se dizer que o Instagram é o grande anúncio de classificados de uma economia desindustrializada, e que nesta os embustes e esquemas de pirâmide são tratados como coisas decentes e naturais.

Como vimos em “O papel do Instagram na economia dos EUA”, esse novo estilo de comércio foi planejado na virada do milênio. Em 1999, um responsável pelo “marketing direto” do Yahoo publicou o livro Marketing de permissão: Transformando desconhecidos em amigos e amigos em clientes, no qual apresenta suas ideias de “estruturas de permissão” e “marketing de permissão”. Segundo ele, a publicidade tradicional, chamada de “marketing de interrupção” (pois interrompe para oferecer o produto), estava em crise por dois motivos. Um, bastante pacífico, é que as pessoas já são bombardeadas por propaganda o tempo inteiro e não conseguem mais prestar atenção nos produtos oferecidos. Outro, nada pacífico, é a estagnação: as coisas atingiram seu ponto de perfeição e as pessoas não se importam mais tanto com qualidade, então é impossível convencê-las a abandonarem suas marcas prediletas com base nas qualidades objetivas de novos produtos. A solução seria criar “estruturas de permissão”, nas quais não haveria interrupção porque o cliente está, na verdade, esperando ansiosamente pelo vendedor-amigo, que aparece para fazer a propaganda. A chave seria o vendedor estabelecer uma relação especial com o cliente, e é por causa dessa relação subjetiva, e não por causa de qualidades objetivas dos produtos, que ele consegue vender. Ora, esse vendedor nada mais é que o influencer de Instagram, mestre em vender quinquilharias inúteis com base no próprio carisma.

Os graúdos deveriam estar à espera desse livro, pois em 2000 já havia uma tradução brasileira e em 2001 uma alemã. Em 2006, o marqueteiro David Axelrod usa as estruturas de permissão na exitosa campanha eleitoral de Barack Obama, que leva a estratégia muito a sério. Em 2013, a mídia constata que esse misterioso termo “estruturas de permissão” faz parte do jargão do presidente. Obama, como mostram os Wikileaks, era bem cônscio do poder das Big Techs.

No ano anterior, em 2012, o Facebook compra a rede social que os hipsters usavam para postar foto de gato e a transforma nesse grande encarte publicitário que é o Instagram. Já o próprio Facebook, na mesma década, se convertia na ferramenta usada para convocar manifestações contra o governo nos países árabes, na Ucrânia, no Brasil…

Voltemos para o início do milênio. No último artigo, vimos que em 2002 foi apresentado o modelo da Nova Universidade Americana: centralizada, interdisciplinar, cheia das métricas e, o mais importante, dedicada ao aluno/cliente, em detrimento do corpo docente e da produção de conhecimento. Assim, na mesma época em que os EUA decidiram que as universidades não seriam mais centros de produção de conhecimento, um figurão do incipiente marketing digital anunciava sua nova estratégia baseada justamente na premissa da estagnação tecnológica. Olhando em retrospecto, podemos supor que no início do milênio as elites ocidentais já haviam decidido criar este mundo desindustrializado e de estagnação científica e tecnológica – e que por isso é que inventou esse modelo de universidade.

Em si mesma, a defesa da estagnação não é uma novidade da virada do milênio. Na década de 1970, o malthusianismo expresso em livros como The Population Bomb (1968) e Limits to Growth (1972) exigia que os países do Terceiro Mundo parassem de se desenvolver. Em 1971, o embaixador brasileiro Araújo Castro denunciava essa corrente intelectual como “uma tendência de congelamento do poder mundial” que inclui “poder político, poder econômico, poder científico e tecnológico” (cf. Máfia Verde, p. 134). Obrigando os países do Terceiro Mundo a manter intocadas as suas florestas – sem deixar passar nem mesmo estrada ou rede elétrica –, o Primeiro Mundo mantinha a própria liberdade de produzir, poluir, criar infraestrutura etc.

A novidade da virada do milênio parece ter sido o Primeiro Mundo congelar a si próprio. Quais são os feitos ocidentais deste milênio? Na primeira década, tivemos as invenções da Apple, que resultaram na difusão de smarphones mundo afora, na década de 2010. Em seguida, essa seara se estagnou. Na década de 2020, as novidades são uma “vacina” que fez mais mal que bem, a IA voltada à substituição do trabalho humano da classe média por trabalho de qualidade inferior e as coisas de Elon Musk. São conhecimentos excessivamente especializados, feitos em centros privados cercados por segredos comerciais. A universidade ocidental hoje é uma nulidade. Foi substituída por um punhado de farmacêuticas, pela finada Blackberry e Apple (na primeira década do milênio) e (agora) pelas empresas de Elon Musk.

É possível que essa estagnação seja a consequência lógica da crença do Fim da História de Fukyama, teoria que teve seu auge na virada do milênio. Após a queda do Muro de Berlim em 1989, Francis Fukuyama decidiu que a História havia acabado porque a humanidade encontrara a sua forma definitiva: todos os países seriam democracias liberais inseridas num mercado global. A invasão do Iraque em 2003 foi animada por essa crença: os EUA acharam que derrubariam uma ditadura anacrônica e seriam recebidos como libertadores por iraquianos ávidos por democracia e McDonald’s. Assim, é bem possível que os EUA do Fim da História tenham decidido que tudo o que faltava era tecnologia da informação, para o mundo inteiro descobrir a democracia em seus celulares e organizar manifestações pelo Facebook pedindo McDonald’s.

Se o Fim da História já chegou, se já estamos no pináculo, não faz sentido investir muito em mais conhecimento e em mais tecnologia. E mais: não faz sentido nem mesmo temer a concorrência de potências rivais. Isso explica por que os armamentos da Rússia e do Irã conseguem surpreender o Ocidente na guerra, e por que a tecnologia chinesa consegue deixar o Ocidente em apuros na concorrência comercial.

Infelizmente o Brasil deixou-se levar por esse novo modelo de universidade. Se as sanções de Trump incluírem tecnologia, teremos uma porção de especialistas em gênero e diversidade para dizerem que isso é machismo.

Se as sanções de Trump incluírem tecnologia, teremos uma porção de especialistas em gênero e diversidade para dizerem que isso é machismo.

   

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O Instagram representa um novo modelo de economia; afinal, seus influencers conseguem movimentar bilhões sem tornar nenhum país mais desenvolvido, mais rico e mais sábio. Uma coisa é gastar dinheiro comprando uma geladeira, um carro, um trator para a fazenda; outra é gastar dinheiro com os conselhos de um coach ou com um suplemento alimentar milagroso. Se uma geladeira, um carro e um trator representam uma economia industrial e trazem, em si mesmos, uma melhoria objetiva na qualidade de vida ou na produtividade, a atividade de coach não requer mais que saliva, e os tais suplementos, que não demandam grandes empregos, não raro são importados da China. Pode-se dizer que o Instagram é o grande anúncio de classificados de uma economia desindustrializada, e que nesta os embustes e esquemas de pirâmide são tratados como coisas decentes e naturais.

Como vimos em “O papel do Instagram na economia dos EUA”, esse novo estilo de comércio foi planejado na virada do milênio. Em 1999, um responsável pelo “marketing direto” do Yahoo publicou o livro Marketing de permissão: Transformando desconhecidos em amigos e amigos em clientes, no qual apresenta suas ideias de “estruturas de permissão” e “marketing de permissão”. Segundo ele, a publicidade tradicional, chamada de “marketing de interrupção” (pois interrompe para oferecer o produto), estava em crise por dois motivos. Um, bastante pacífico, é que as pessoas já são bombardeadas por propaganda o tempo inteiro e não conseguem mais prestar atenção nos produtos oferecidos. Outro, nada pacífico, é a estagnação: as coisas atingiram seu ponto de perfeição e as pessoas não se importam mais tanto com qualidade, então é impossível convencê-las a abandonarem suas marcas prediletas com base nas qualidades objetivas de novos produtos. A solução seria criar “estruturas de permissão”, nas quais não haveria interrupção porque o cliente está, na verdade, esperando ansiosamente pelo vendedor-amigo, que aparece para fazer a propaganda. A chave seria o vendedor estabelecer uma relação especial com o cliente, e é por causa dessa relação subjetiva, e não por causa de qualidades objetivas dos produtos, que ele consegue vender. Ora, esse vendedor nada mais é que o influencer de Instagram, mestre em vender quinquilharias inúteis com base no próprio carisma.

Os graúdos deveriam estar à espera desse livro, pois em 2000 já havia uma tradução brasileira e em 2001 uma alemã. Em 2006, o marqueteiro David Axelrod usa as estruturas de permissão na exitosa campanha eleitoral de Barack Obama, que leva a estratégia muito a sério. Em 2013, a mídia constata que esse misterioso termo “estruturas de permissão” faz parte do jargão do presidente. Obama, como mostram os Wikileaks, era bem cônscio do poder das Big Techs.

No ano anterior, em 2012, o Facebook compra a rede social que os hipsters usavam para postar foto de gato e a transforma nesse grande encarte publicitário que é o Instagram. Já o próprio Facebook, na mesma década, se convertia na ferramenta usada para convocar manifestações contra o governo nos países árabes, na Ucrânia, no Brasil…

Voltemos para o início do milênio. No último artigo, vimos que em 2002 foi apresentado o modelo da Nova Universidade Americana: centralizada, interdisciplinar, cheia das métricas e, o mais importante, dedicada ao aluno/cliente, em detrimento do corpo docente e da produção de conhecimento. Assim, na mesma época em que os EUA decidiram que as universidades não seriam mais centros de produção de conhecimento, um figurão do incipiente marketing digital anunciava sua nova estratégia baseada justamente na premissa da estagnação tecnológica. Olhando em retrospecto, podemos supor que no início do milênio as elites ocidentais já haviam decidido criar este mundo desindustrializado e de estagnação científica e tecnológica – e que por isso é que inventou esse modelo de universidade.

Em si mesma, a defesa da estagnação não é uma novidade da virada do milênio. Na década de 1970, o malthusianismo expresso em livros como The Population Bomb (1968) e Limits to Growth (1972) exigia que os países do Terceiro Mundo parassem de se desenvolver. Em 1971, o embaixador brasileiro Araújo Castro denunciava essa corrente intelectual como “uma tendência de congelamento do poder mundial” que inclui “poder político, poder econômico, poder científico e tecnológico” (cf. Máfia Verde, p. 134). Obrigando os países do Terceiro Mundo a manter intocadas as suas florestas – sem deixar passar nem mesmo estrada ou rede elétrica –, o Primeiro Mundo mantinha a própria liberdade de produzir, poluir, criar infraestrutura etc.

A novidade da virada do milênio parece ter sido o Primeiro Mundo congelar a si próprio. Quais são os feitos ocidentais deste milênio? Na primeira década, tivemos as invenções da Apple, que resultaram na difusão de smarphones mundo afora, na década de 2010. Em seguida, essa seara se estagnou. Na década de 2020, as novidades são uma “vacina” que fez mais mal que bem, a IA voltada à substituição do trabalho humano da classe média por trabalho de qualidade inferior e as coisas de Elon Musk. São conhecimentos excessivamente especializados, feitos em centros privados cercados por segredos comerciais. A universidade ocidental hoje é uma nulidade. Foi substituída por um punhado de farmacêuticas, pela finada Blackberry e Apple (na primeira década do milênio) e (agora) pelas empresas de Elon Musk.

É possível que essa estagnação seja a consequência lógica da crença do Fim da História de Fukyama, teoria que teve seu auge na virada do milênio. Após a queda do Muro de Berlim em 1989, Francis Fukuyama decidiu que a História havia acabado porque a humanidade encontrara a sua forma definitiva: todos os países seriam democracias liberais inseridas num mercado global. A invasão do Iraque em 2003 foi animada por essa crença: os EUA acharam que derrubariam uma ditadura anacrônica e seriam recebidos como libertadores por iraquianos ávidos por democracia e McDonald’s. Assim, é bem possível que os EUA do Fim da História tenham decidido que tudo o que faltava era tecnologia da informação, para o mundo inteiro descobrir a democracia em seus celulares e organizar manifestações pelo Facebook pedindo McDonald’s.

Se o Fim da História já chegou, se já estamos no pináculo, não faz sentido investir muito em mais conhecimento e em mais tecnologia. E mais: não faz sentido nem mesmo temer a concorrência de potências rivais. Isso explica por que os armamentos da Rússia e do Irã conseguem surpreender o Ocidente na guerra, e por que a tecnologia chinesa consegue deixar o Ocidente em apuros na concorrência comercial.

Infelizmente o Brasil deixou-se levar por esse novo modelo de universidade. Se as sanções de Trump incluírem tecnologia, teremos uma porção de especialistas em gênero e diversidade para dizerem que isso é machismo.

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